Polímero acrescido de fatores de crescimento faz crescer um novo nervo.
Técnica pode recuperar funções motora e sensitiva em caso de lesão.
Uma parceria entre Universidade de Montpellier, na França, e a PUC de Porto Alegre conseguiu criar um nervo artificial. O trabalho pode revolucionar o tratamento de pessoas que perderam a capacidade de movimento das mãos por algum trauma, ajudando na recuperação das funções motora e sensitiva.
Trata-se de um tipo de plástico (polímero), acrescido de um fator de crescimento, substância que faz com que os tecidos se regenerem. Dentro do corpo, eles se transformam num novo nervo, capaz de transmitir os sinais normalmente. Em um ano, o polímero é totalmente absorvido pelo organismo e deixa de existir.
O tubo é bastante fino, menor que um palito de fósforo e é formado por cavidades invisíveis a olho nu, onde ficam os fatores de crescimento. “É uma dimensão 300 vezes menor que um vírus”, afirmou Roberto Hübler, físico que participou do desenvolvimento do material.
Jefferson Braga da Silva, cirurgião que liderou a pesquisa, disse que o nervo desenvolveu uma estrutura muito parecida com a dos naturais e está animado pelo potencial da nova técnica. “A gente obteve resultados muito bons sob o ponto de vista funcional”, disse o médico – nas pesquisas com ratos, mais de 90% dos movimentos foram recuperados.
Hoje, a forma mais comum de se recuperar um nervo é fazendo um enxerto. Nesta técnica, um pedaço de nervo é retirado da perna e implantado na parte do corpo onde se deseja – a lógica é a mesma de uma cirurgia de ponte de safena, usada em alguns pacientes cardíacos. O nervo artificial tende a ser mais eficiente e seguro para os pacientes.
A previsão é de que, em setembro, a técnica seja testada em pacientes do SUS. No campo das pesquisas, o próximo passo é utilizar os polímeros para tentar recuperar lesões ainda mais graves.
“Nós já estamos começando a fazer para o osso, para o músculo e para o tendão, só que daí são outros fatores de crescimento, são outros fatores que vão aumentar a regeneração destes outros tecidos”, apontou Jefferson Braga da Silva.
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